Infidelidade



Apenas tecendo observações pontuais sobre o filme Infidelidade, protagonizado por Diane Lane, Richard Gere e Olivier Martinez.


São filmes atemporais. Costumo assistir a filmes antigos, não me jogo na onda de "tenho que ver primeiro". Creio que o filme deve ser apreciado, como um bom vinho ou qualquer comida apetitosa. Faz bem a minha alma e ao meu cérebro, assistir bons filmes. Como sou apaixonada por dramaturgia, não é qualquer "coisa posta à mesa" que me satisfaz. Sim, tenho gosto bem peculiar para bons filmes, e bons atores, de fato. Numa visão extremamente particular e pessoal, teço abaixo as observações a seguir:


Connie, uma mulher, bem casada com um marido extremamente família, certinho, metódico, pé no chão, um filho de aproximadamente cinco a seis anos, a quem, tinha toda a devoção, e atenção. O pai, Edward, cuidava deste garoto com afeto, dando-lhe a atenção que todo filho único normalmente recebe, momentos íntimos do casal eram subitamente quebrados por um chamado do garoto. Eram  quebrados. Nesta cena, o filme mostrou uma rotina de todo casal com filho pequeno. A mulher do lar, acorda toda manhã e cuida do café, vestuário, merenda, roupa do marido, preocupação com o almoço, com bazares, questões sociais e lá se vai o marido ganhar o pão, garanti-lo, numa rotina entediante entre a cidade e o subúrbio. Escolha de Connie, morar no subúrbio. Achou melhor para o crescimento e desenvolvimento do filho Charlie. Idas e vindas à cidade, Connie esbarra literalmente com Paul Martel, um francês, jovem, que a convida para entrar e cuidar dos ferimentos causados pela queda ,estava ventando muito e mal dava para manterem-se de pé na rua. Connie entra, ressabiada e dái veremos Connie entre desejo e culpa, seduzida pelo novo, jovial, aventureiro, sempre disposto em qualquer horário para proporcioná-la orgasmos devassadores, contrastando com a sua rotina, enquanto mulher de Edward. O casamento dos dois é posto sutilmente em análise, principalmente na mente da esposa que traia, pois na mente de Edward, o esposo, tudo parecia, normal, aí é que tá, PARECER NORMAL. Esta aparente normalidade que Connie tentou manter por um tempo, apenas por um tempo, enquanto tentava se dividir entre, o desejo ardente por Paul e suas obrigações enquanto mulher, fez com que a mesma fosse liberando aos poucos, em doses homeopáticas, como um peixe indo a caminha da isca, toda a discrição que queria manter. Na verdade, nem ela sabia o que estava acontecendo. Seu esposo, detalhista Edward, lógico que começou a notar que algo mudou a sua rotina, algo estava ANORMAL. E daí toda o desenrolar do filme acontece entre um crime cometido, o seu encobertar, e a lealdade entre os casais que veio se fortalecer, bem no final do filme.


    LEALDADE é a palavra, creio que antes de alguém ser infiel, este alguém já deixou de ser leal. Quando Connie dá um presente que Edward lhe deu e passa para Paul, ela demonstra um total desleixo pelos tempos vividos, com o esposo. Penso que ainda que você esteja numa nova relação, o que você viveu por anos a fio com outra pessoa, deve ser respeitado e mantido lá, onde só pertence aos dois. Seria Connie uma mulher Vadia, vagabunda? Acho perigosíssimo este julgamento. Pois é assim que a sociedade machista sempre atribui à mulher este título, independente de circunstâncias, o homem a traindo ou ela traindo o homem. Não, não a vejo assim e o próprio Edward sentiu, culpa, por talvez, ter deixado, na mente dele, o casamento chegar à um nível de rotina onde a sua esposa buscava ardentemente SER MULHER, desejada, tocada, de uma forma especial, inusitada, livre, lasciva, libidinosa.Isso era notório na cena do metrô, onde o filme apresenta cenas quentes entre Connie e Paul que passam enquanto Connie, fecha os olhos, sorri marotamente e ao mesmo tempo, faz gestos de censura, como se alguém estivesse lendo os seus pensamentos. Notório é perceber que o fim de tudo não foi dado por ela, nem pelo amante, nem tampouco pela "traição" do amante. Que era apenas uma rapaz, sedutor que tinha várias "Connies" pela cidade. Ainda assim, ela queria ele como que um vício. Dividindo a sua mente entre desejo, culpas e responsabilidades. O pior ou o melhor é que seu marido descobriu tudo. Para quem já assistiu sabe o desfecho e para quem não, corre lá e assista, caso interesse. 

    O que eu diria a Connie? Difícil viu. Primeiro que ela não me perguntaria ( risos) e é muita responsabilidade saber. Penso que quando a gente está com alguém e está de olho em outro, é porque há algo de errado. Por outro lado, se sairmos por aí envolvendo-se em aventuras mil, podemos perder o sabor inusitado da primeira mordida, como a droga faz com o organismo da pessoa. Casamento e convivência, nos leva à circunstâncias diversas ao lado de um outro que, nem toda hora estará sensual, libidinoso, disposto, inovador, mas que poderá estar ao seu lado, TALVEZ, em outros momentos que somados ao sexual e íntimo, sedimentam uma relação. O novo, o lascivo, aventureiro e irresponsável, um dia torna-se também rotineiro.Paul foi grosso, na primeira oportunidade de desentendimento entre os dois, coisas que não aconteciam entre ela e Edward. Aqui é uma leitura, resenha minha sobre o filme e minhas considerações, obviamente bem sucinta deste filme que conseguiu me prender. Não atribuo aqui, valores morais a nada e nem a ninguém. Afinal cada um sabe a dor e a delícia de ser quem é.


Iracema Correia



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