Do fundo da minha alma, expurgando a dor que mais dói.
Se todos soubessem como é
complicado ter que responder todos os dias a mesma pergunta: E aÃ,
melhorou?." Eu: "..cri cri cri". Não tenho o que responder! Desejo do fundo
do coração estar bem. Desejo livrar-me de tantas perÃcias médicas e ter que
me explicar. É um sentimento de sufocamento. Luto a cada dia pra ser
independente e evitar ser um fardo para alguém. Na verdade, não por orgulho mas
por medo ou falta de jeito de ser cuidada. Não sei ser cuidada. Não entendo
como isso funciona porque comigo, nunca aconteceu. É um frio na alma que
acredito ter contribuÃdo para estas dores fÃsicas se instalarem no meu corpo.
Questões psicossomáticas permeiam o meu corpo inchado, como um território,
outrora utilizado em combate e que ficaram minas ali enterradas. Minas em cada
inchaço, minas nos pés, punhos, ombros. Um cansaço de ter que cuidar deste
corpo frágil que a qualquer momento, parece que vai explodir. Sinto minha vida,
por vezes tão inútil, lutando contra a doença, sinto que sou um peso morto para
quem vier a estar ao meu lado. Sinto que tudo isto pesa. A cabeça séria,
irritada a cada TPM.Haja saco conviver com alguém assim! Nem eu por vezes me
aguento. Sinto que a Fibromialgia parece Carma de outras vidas. Talvez para que
eu entenda que nesta vida, abaixe a minha cabeça e sinta que não sou nada mais
que um ser humano limitado, que não encontrará a felicidade, NUNCA.Sinto muito porque não entendo o porquê deste prejuÃzo na
minha alma e corpo. Sinto a minha obrigação de mãe que me chama a cada dia para
realizar com amor e paciência o meu dever.E é por tudo isto VIDA, que
ainda estou aqui. Um desabafo sincero de quem tem lutado a cada dia contra a
depressão. Longe de querer que alguém tenha pena de mim, pena é um sentimento
desgraçado, e como eu disse anteriormente, eu não sei ser cuidada, não aprendi
porque nunca fui. Agora teclo com dores nos braços, costas , cervical, lombar e
pés. Que graça há nesta vida viver assim? Eu não vivo, eu sobrevivo. Todos os
dias é matando um leão por dia. Mesmo no riso, o coração talvez sinta dor. No
meu caso, não há um talvez e sim toda uma certeza. De toda dor que carrego no
meu peito. Mesmo assim eu vivo, porque estou aqui, ora brincando de ser feliz,
ora expurgando a dor em mais um desabafo.
Iracema
Correia
Comentários