É importante ser útil, melhor ainda é ser amado.




É muito delicioso de se ouvir: " Senti a tua falta!". Maravilhoso e pleno é quando sentimos que a nossa falta, de fato , é sentida. Quem sente falta, procura. Quem tem sede, procura algo para se refrescar, quem tem fome, algo para  se saciar. Para estas duas últimas situações, tanto a água quanto a comida foram úteis no processo de satisfazer necessidades que são inúmeras e cada dia aumentam mais. Penso então, no quanto somos importantes para alguém. Se somos úteis ou de fato fazemos falta. É uma benção ter amigos e familiares que atendam as nossas necessidades quando estas aparecerem. Possam ser as de diversão, atenção, financeiras,técnicas,elétricas, mecânicas,  sexuais, etc. Procuramos muitas vezes, nos cercar de "Severinos" ou reis das gambiarras, para quando precisarmos, num estalar de dedos, eles aparecerem. Ou aquele amigo para "todas as horas", que possam nos garantir, diversões, risos, prazeres, etc. O pai, a mãe, o irmão, namorado ou amigo que sabemos que "sempre serão o nosso suporte" em caso de qualquer necessidade, principalmente a financeira e física.É muito bom, viver, sabendo que podemos ter sempre com quem contar. Pessoas essas que NUNCA serão capazes de negar ajuda  e NUNCA serão capazes  de passar isso na nossa cara, como uma espécie de vingança. Queremos de fato, ter alguém em quem confiar, alguém que nos ame incondicionalmente. Mas nem sempre temos porque as vezes, nós somos este alguém para todo mundo. Por vezes é fácil sentirmos-nos úteis, acumulamos experiências de vida, amadurecemos, procuramos desenvolver a praticidade na vida, de forma que conseguimos "desenrolar os nós da vida" sem tamanhas dificuldades. O outro diz que nos ama, que não vive sem a nossa presença, que somos mais do que especial. E fico eu cá a me perguntar. Ama o que eu represento na vida desta pessoa no sentido de utilidade ou no sentindo da minha presença ainda que não tão útil assim? Sou uma pessoa útil e devemos ser, afinal, como diz um velho ditado popular " Quem não vive para servir, não serve para viver." Mas porque eu me coloco na condição de alguém tão útil? Para me sentir uma falsa sensação de ser querido, amado? Será que eu me coloco na vida de uma pessoa de forma tão plena, que não deixo que a mesma não sinta falta de nada? Será que aí não esconde um desejo inconsciente de criar uma espécie de  simbiose? Eu te sirvo e você fica comigo, assim não ficamos sós. Não creio que esta relação seja sadia assim. Desejo um amor que mesmo eu não estando útil, me seja dispensado. Que a minha pessoa seja querida, mesmo não servindo tanto assim. Que o amor por mim, venha de um bem querer sincero, de um afeto e o prazer apenas de estar comigo, ainda que eu não esteja servindo aparentemente para nada.Embora aqui, eu  possa entrar em contradição, mas para facilitar, cito o exemplo de uma mãe que cuida de onze filhos e estes onze filhos não conseguem cuidar de uma mãe. A mãe foi útil para todos estes filhos enquanto estava nos seus dias de gozo de uma vida saudável. Porém, depois de idosa, cansada e abatida, nem todos os filhos conseguem mensurar a importância da presença da mãe porque a mesma já não lhes é tão útil assim. Sabemos que há mães e MÃES, filhos e FILHOS, CONTEXTOS E CONTEXTOS. Não podemos julgar pois cada situação é ímpar. Apenas é um convite à reflexão na relações humanas. Se somos úteis ou amados, simplesmente por sermos nós. Sabemos que somos amados ao invés de apenas úteis, quando podemos ser nós mesmos, felizes com nossas escolhas, livres e ainda assim, termos o apoio e o carinho daqueles que nos cercam. Aquela mãe que resolveu conhecer o mundo, depois dos filhos estarem criados e ainda assim, estes mesmos filhos ligarem para ela o tempo todo, para saberem se a mesma está bem e feliz. É você estar simplesmente cansado não sendo boa companhia e o outro sentar ali  ao seu lado sem nada dizer, mas estar com você,sem nada exigir. É você ser você mesmo, com suas escolhas, erros, acertos, problemas físicos e se sentir  pleno porque ainda assim,  você se sente querido, daquele jeitinho que chega acalma o coração, um acolhimento para a alma. Eu prefiro amar e sentir ser amada, mesmo um dia não sendo tão útil  assim. É uma utopia neste momento. Mas gosto de utopias, me fazem bem.

Iracema Correia

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