A incompreendida Fibromialgia.





Dois profissionais me perguntaram se não estaria sendo ruim para mim, este tempo afastada do trabalho. Tipo: Mente ociosa. Se não pioraria mais ainda o quadro. DEIXA EU "TE" EXPLICAR UMA COISA:

Há uma diferença entre estar inativo no trabalho e estar ocioso na vida. Ócio comigo não combina, ao mesmo tempo que a rotina escaldante de acordar  todos os dias e bater cartão no trabalho, também não tem nada a haver comigo e ultimamente tornou-se um grande desafio. Sou do tipo que valoriza qualidade em detrimento de quantidade. Sou pró ativa, até demais da conta, do tipo de profissional que exerce várias funções ao mesmo tempo, extremamente metódica que tem horror a desorganização, marasmo e bagunça. A menos que esta bagunça seja organizada, como sempre fiz com meus alunos. A bagunça tinha uma razão de existir, temporariamente, a fim de a criação então surgir. Mas o ponto em questão aqui não é este. Dizem alguns profissionais especializados na Fibromialgia ( o que é praticamente nula esta possibilidade, pois a fibro ainda é uma grande incógnita), que a mesma é uma Síndrome da mulher moderna. Discordo totalmente. Pois desde adolescente, já sentia todos estes sintomas insuportáveis,mas cada vez , quando ia no médico, naquela época, era sempre a mesma coisa. Ou era Artrite reumatoide por suposição, ou eram dores do crescimento. Enfim, o que mais me incomoda é ouvir médicos que se dizem especialistas, mandar que os fibromiálgicos, malhem, mesmo com dor,daí eu paro e penso em uma das meditações da escritora Louise Hay, onde ela nos incetiva a sermos carinhosos conosco e em não maltratar o nosso corpo, o que dirá então de um corpo que parece ser feito de cristal. Eu  me alongo, procuro me alimentar dentro das possibilidades, bem, simulo caminhada no aparelho, leio muito, mas muito mesmo, cera de três livros ao mesmo tempo e audiobook, que ponho enquanto faço as coisas na casa, com dor, cuido de mim, da minha filha, das minhas finanças, de tudo. Acredito que não cabe mais em mim o peso de qualquer coisa que venha a me sobrecarregar. Afinal nem sempre contamos com chefes compreensíveis e ambientes de trabalhos bem energizados. Absorvemos muito a energia do ambiente. Quem tem fibromialgia vive tonto, com insônia, irritado, inchado, cansado, suado, deprimido, enfim. O ócio para o fibromiálgico é necessário e muito, pois de cada um dia que faço algo que para qualquer pessoa é normal, como lavar o cabelo, fazer compras, varrer uma casa, etc. Eu preciso descansar mais um. O suor goteja em meu corpo gelado e com intensidade, como se eu estivesse correndo numa maratona numa temperatura de 40 graus C. Durante este tempo, tenho me conhecido melhor, testado terapias alternativas, pensado mais na vida e nas melhores decisões, conversado muito com meu Deus e Pai, pesquisando soluções e em uma dessas encontrei, o Movimento Certo no Youtube do Thiago Nishida, fisioterapeuta que orienta alguns exercícios e alongamentos ´para a Síndrome do Túnel do Carpo. Pequenos exercícios nos ombros e braços que me cansam , mas ajudam-me na terapia. Pessoas abençoadas e iluminadas que Deus coloca em nossos caminhos para nos ajudar. Enfim, o próprio profissional que me fez a pergunta, se desculpava ao mesmo tempo dizendo: " Já basta a Fibromialgia não é ?". Pois é, o problema é que a nossa sociedade não valoriza o ócio, dizer que está sem tempo é sinônimo de vida, virtude. Como se fosse um troféu de reconhecimento ao operário padrão, bem do estilo daqueles do filme Tempos Modernos. Não é bonito. Chaplin apresentou os tiques nervosos resultantes de uma carga horária desumana. Isso não é motivo de orgulho. Muitas crianças crescem sem conversar com os pais, sem nem mesmo conhecê-los direito, pessoas tem casas lindas e não usufruem. Casais se vêm mas não namoram mais, com tanto tesão como antes. O carinho não tem espaço, para tantas outras coisas. Precisamos viver, sentir, sem pressa, pois o tempo vai passar de qualquer jeito, mas o corpo vai reclamar todo mal que fizermos a ele. A fibromialgia também está intimamente ligada a infância, ambientes hostis, pressão psicológica, tudo isto e muito mais. Será que vamos querer nossos futuros filhos assim também? Prioridade para mim é a família, a saúde. Se algum emprego não me der esta chance, pra mim não há lugar para ele em minha vida. Aprendi com a fibromialgia a me amar mais ainda, a zelar pelo meu templo que é o meu corpo, fugindo de coisas e pessoas negativas para não mexer com o meu emocional. Digo pessoas negativas aquelas que não querem, visivelmente o meu bem, infelizmente, muitos ainda precisam se tocar, se conhecer melhor, espiritualmente falando. Enquanto não reconhecem isto, prejudicam a si e aos que estão ao seu redor, preciso portanto me blindar. Ter fibromialgia é ter sensibilidade extrema, além da conta, é sentir tudo no seu ápice, amor, dor , tristeza, alegria, angustia,,etc. Se você ama alguém portador desta síndrome, ame mais ainda , redobre a sua atenção, pois tudo que precisamos é de atenção e compreensão. O retorno virá em forma de muito amor e gratidão.


Iracema Correia

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